quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Joan Fontcuberta - Herbarium (1985)

Nesta série, Fontcuberta, de acordo com os cânones tradicionais de representação dos catálogos de botânica, faz um registo detalhado de um número de plantas que não existem… Na verdade, os exemplares que nos mostra, alguns com nomes pseudo- científicos tão audazes como rasputina ecléctica, lavandula angustifolia, braohypoda frustata, erectus pseudospinosus o cornus impatiens, são na realidade modelos desenvolvidos principalmente com materiais de desperdício. Essa farsa é dificilmente descoberta pelo espectador, pelo menos à primeira vista, para a qual contribuem não só a perfeição dos modelos falsos, mas, principalmente, o estilo da imagem, que evoca claramente a própria objectividade científica das imagens do livros de botânica, objectividade com base na apresentação dos motivos de maneira frontal, sem distorção, com um fundo neutro e iluminação difusa que permite a valorização do detalhe e textura de toda a superfície da planta. Então, ao conduzir o espectador nesse código de reconhecimento científico, fá-lo cair na armadilha e vergonha de ter de aceitar que não interpretou as imagens com base no que viu, mas no que sabe, com base nas crença ingénua de que a fotografia não pode mentir.