sábado, 27 de março de 2010

Cruzeiro Seixas - Nada do que amo me dá o que quero

Nada do que amo me dá o que quero
por isso não amo
nem o amor
nem o sonho
nem a pintura
e os pintores
os heróis e o seu heroísmo,
nem estes meus poemas
copo de água fresca
que mais aumenta a sede.

Amo o que não amo
em todas estas coisas,
e indefinidamente
no fundo de tudo
amo a poesia e os poetas
que dão sempre mais
sempre muito mais
do que peço,
como tu,
mesmo eternamente ausente
meu amor.

Francis Bacon -Two Figures in the Grass

Antoine D'Agata - stigma