quarta-feira, 2 de setembro de 2009

PARA UM AMIGO TENHO SEMPRE UM RELÓGIO




Para um amigo tenho sempre um relógio
esquecido em qualquer fundo de algibeira.
Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
São restos de tabaco e de ternura rápida.
É um arco-íris de sombra, quente e trémulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.




ANTÓNIO RAMOS ROSA
Viagem Através duma Nebulosa (1960)