sábado, 19 de setembro de 2009

Sobre Pedro Saraiva

Pela primeira vez digito um texto no meu blog pois pretendia que apenas funcionasse como um caderno de colagens das coisas que gosto.

Abro apenas uma excepção por um acto de amizade ao Pedro e a sua família.

Conheci o Pedro quando ingressamos os dois nas Belas Artes de Lisboa e por um acaso daqueles felizes fui viver para o Algueirão para casa de meus tios onde o Pedro vivia com os pais. Estamos em 1969, tempo em que os jovens acreditavam na partilha, na entreajuda e na discussão livre das ideias.

Rapidamente, caso raro em mim, ficámos amigos e comecei a ser recebido na casa de seus pais com enorme amizade e consideração. Vindo de um ambiente provinciano foi privilégio ter acesso ao atelier de seu pai mestre Domingos Saraiva que tanto me ensinou, muito mais do que nas Belas Artes de então. Mestre Domingos Saraiva faz este ano o seu centenário, digo faz porque acredito que as pessoas só morrem quando nos esquecemos delas e eu não me esqueço dele – sempre o encarei como um exemplo, principalmente na sua imensa alegria de viver – muito mais jovem do que eu com 18 anos na altura.

Muitas vezes trabalhamos lado a lado trocando ideias ao ponto de Mestre Domingos Saraiva nos ter chamado a atenção que as coisas que fazíamos estavam a ficar muito parecidas. Coisa que ainda hoje acredito não seria bem assim porque ao contrário do Pedro sempre os meus trabalhos exigiam bem mais esforço porque me faltavam os conhecimentos que ele já tinha obtido do pai e tenho menos habilidade manual.

Mas desse tempo também na verdade, apesar destes anos passados, ainda existem vestígios nos dois ao nível das cores que utilizamos.

Assim é-me impossível ter distanciamento para analisar o percurso de Pedro Saraiva…apenas posso afirmar que é uma das pessoas mais dotadas para as Artes Plásticas que encontrei e que será certamente um exemplo para os seus alunos da nossa antiga escola (hoje Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa) onde é hoje professor.

Para terminar não foi por acaso que o meu filho se chama Pedro,

JC